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Excesso de informação na pandemia afeta saúde mental da sociedade

Falta de moderação no consumo de notícias gera ansiedade e sobrecarga mental

O coronavírus não é o único inimigo do qual a população precisa se defender. Desde o início da pandemia, a necessidade de buscar informações sobre riscos, medidas de proteção e recomendações de especialistas reforçou um cenário que já ganhava proporção, a infodemia. De acordo com a Organização Panamericana de Saúde (OPAS), este termo é usado para indicar um aumento no volume de informações associadas a um assunto específico.

Segundo uma pesquisa da Kaspersky, o Brasil é o 4° país que mais aumentou o consumo de notícias na pandemia, em comparação a um ano normal houve um aumento de 51%. Ainda de acordo com a pesquisa, 78% dos brasileiros se sentem saturados de informações sobre o assunto. Os conteúdos que mais causaram sobrecarga foram a quantidade de mortes e infectados diariamente pela covid-19, com 77%, as prevenções e orientações sobre o vírus (44%) e a aceleração das vacinações, com 32%.

Além da infodemia, existe outro problema. No último ano, o presidente da República Jair Bolsonaro foi um dos principais personagens na disseminação de notícias falsas sobre a doença. As duas questões caminham lado a lado: para a OPAS, a desinformação se expande no mesmo ritmo que a produção de conteúdo, e as vias de distribuição se multiplicam. Assim, a própria infodemia acelera e perpetua a desinformação. Além disso, a organização não-governamental de direitos humanos Artigo 19 aponta que o compartilhamento dessas informações duvidosas gerou um efeito cascata e aumentou exponencialmente o número de casos.

A facilidade de acessar informações em tempo real gera uma necessidade constante de cada vez mais estar por dentro do que acontece no mundo. Em um período pandêmico, os efeitos são ainda mais intensos. Uma pesquisa do Ministério da Saúde revelou que a ansiedade é o transtorno mais presente durante a pandemia de covid-19, encontrada em 86,5% dos participantes. Também foi constatada uma presença moderada de transtorno do estresse pós-traumático (45,5%). A depressão grave aparece em terceiro lugar, em 16%.

Pensando em amenizar esses efeitos, a Organização Mundial da Saúde (OMS) tem adotado uma série de medidas para combater a infodemia de notícias falsas, como entrar em contato com mecanismos de buscas para promover informações precisas e usar suas redes sociais para esclarecer boatos com especialistas. É importante lembrar que cada um precisa entender o seu limite e respeitar os sinais que o corpo dá. Estabelecer um período de tempo para ler notícias a cada dia e não acreditar em informações de fontes não confiáveis são algumas formas de manter a mente saudável enquanto a pandemia não chega ao fim.

Texto - Jornalistas: Fernanda Pereira, Gabrielle Rodrigues e Viviane Duranti